Avaliação dos potenciais impactos da identificação de prédios rústicos e mistos no BUPi e da gestão desses terrenos na mitigação de incêndios, demonstra redução significativa na intensidade, duração e velocidade de propagação em zonas de alto risco. 

A medida BUPi tem capacidade de impactar positivamente na diminuição da agressividade do fogo, nomeadamente no seu comportamento em matéria de intensidade, duração e velocidade de propagação. As conclusões são do estudo “Avaliação da Medida BUPi - Impactos potenciais na mitigação de incêndios”, realizado pelo Consórcio - Centro de Estudos Sociais e Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

O estudo avaliou o Objetivo D – Mitigação, que visa “mitigar efeitos das alterações climáticas, contribuir para o cumprimento das metas ambientais e facilitar a prevenção e combate aos fogos rurais”. O foco centrou-se no impacto potencial da gestão nos prédios BUPi sobre o comportamento do fogo ao nível da paisagem e na localização estratégica dos prédios BUPi em áreas prioritárias para a prevenção de incêndios. 

Foram analisadas quatro áreas de estudo (90.000 ha), nos distritos de Bragança, Coimbra, Viana do Castelo e Vila Real, selecionadas segundo critérios rigorosos: integrarem predominantemente concelhos-piloto ou concelhos da fase de expansão do BUPi; integrarem predominantemente áreas de alta e muito alta perigosidade de incêndio rural; integrarem pelo menos uma Área Integrada de Gestão da Paisagem (AIGP); e distribuírem-se por diferentes regiões bioclimáticas.

Através de Sistemas de Informação Geográfica e de simuladores de comportamento do fogo, como o programa FlamMap, foi possível simular cenários de incêndio que permitiram analisar o comportamento do fogo na paisagem e identificar áreas prioritárias de gestão para a redução da propagação de incêndios.

Os resultados são expressivos: nas áreas dos prédios BUPi onde existe gestão de combustíveis a intensidade do fogo reduziu-se em cerca de 30,9%, enquanto a velocidade média caiu 19,8%, correspondendo a uma propagação aproximadamente 3 metros por minuto mais lenta do que em áreas não geridas. Em matéria de duração, os incêndios demoraram, em média, mais 3 horas para atravessar a paisagem sob cenário de gestão ativa do território. 

Além disso, o estudo concluiu que 20% a 42% das áreas estratégicas para a prevenção de incêndios coincidem com terrenos identificados no BUPi. Assim, a identificação das propriedades no BUPi constitui um contributo decisivo para reforçar a prevenção e reduzir o impacto dos incêndios em Portugal.